sábado, 21 de janeiro de 2012

Capitulo 23 - O jogo


Narração da Joana:
 Depois de falar com a Leonor, depois de lhe ter contado tudo o que tinha acontecido e todos os medos que tenho em relação a tudo o que está a acontecer, e o que pode acontecer devido ao meu problema… Porque é que eu tem de ser assim? Porque é que me acontece tudo a mim? Tenho de ser assim?
Ficamos um pouco á conversa… A reviver as nossas aventuras, o passado, tudo o que nos aconteceu até agora, o quanto que a nossa vida mudou nestes últimos messes… E depois seguimos para o treino… A tarde passou a uma velocidade imensa, nem pensei mais no que tinha acontecido e a Leonor também não o voltou a mencionar, ela sabe que é complicado… Quando dei por ela, já eram quase horas de jantar… Ela ofereceu-se para fazer o jantar e nem me importei, voltei ao meu quarto, e voltei a pensar em tudo o que tinha acontecido e em tudo o que sentia… Como a minha cabeça está uma confusão… Fui para a cozinha, pus a mesa, jantamos e depois arrumamos tudo… A Leonor foi tomar um banho e fiquei a ver tv, ela avisou que iria sair, ainda peguei com ela, por ir sair com o Ruben, até faziam um lindo casal… Ela saiu e continuei a ver tv, comecei a ficar com sono e fui deitar-me, acabei por adormecer rapidamente…
De manhã acordei, tomei um banho e fui para a cozinha preparar o pequeno-almoço, quando a Leonor chegou…
- Bom dia. – disse-me ao entrar na cozinha
- Bom dia. Então a saída ontem, correu bem?
- Espero que não comeces. Ah, Domingo, almoço na casa da D. Anabela.
- O quê? – perguntei muito surpreendida
- Não ouviste?
- Ouvi, ouvi. É para conviveres mais com a futura sogra?
- Futura sogra? Bem, como tu andas, já não dizes coisa com coisa…
- Será?
- Vou tomar um banho, se não ainda dou em maluca a ouvir tantas parvoíces… - e saiu
 O dia passou rapidamente, fomos comprar os bilhetes para o jogo de Sábado com a Naval, passeamos, um dia normal…
Dois dias passaram e hoje é Sábado… Não voltamos a estar com o David ou o Ruben… E ainda bem, não sei muito bem como encarar esta situação toda, mas ao mesmo tempo já tenho muitas saudades dele… Mas hoje vou vê-lo, o que é bom para puder matar saudades, mas também possa ter de falar com ele, o que já não sei se é muito bom... A Leonor não conseguiu passar o dia sem mandar alguma boquinha, mas nada de mais, ela sabe como me estou a sentir… A hora do jogo aproximava-se, arranjamo-nos e saímos e direcção ao Estádio, que já estava um caos… Lá conseguimos entrar e sentamo-nos nos respectivos lugares…
Os jogadores entraram em campo… Os meus olhos prenderam naquele homem mal ele saiu daquele túnel e o avistei… Foi mais forte que eu, não consegui desviar o olhar por um segundo que fosse… Fizeram o aquecimento e voltaram a recolher…
- Se continuas assim até as pessoas que estão aqui vão perceber.
- Assim como? E, vão perceber o quê?
- Vão perceber que se passa algo entre ti e o nosso 23. Tens noção da maneira que estás a olhar para ele?
- Ah? Não faças filmes. E eu estava a ver o aquecimento de todos os jogadores.
- Claro…
Tinha noção de que a Leonor estava a dizer aquilo para me provocar… A conversa ficou por ali, até porque os jogadores voltaram a entrar e o meu olhar voltou a ficar preso e ele. Ao homem que já não conseguia deixar de olhar, que já não conseguia deixar de pensar, que me transmite uma paz e uma tranquilidade imensas quando está perto, que me faz sentir mais eu… Mas também sei que não posso gostar dele, eu não posso estar apaixonada por ele… Despertei dos meus pensamentos com um grande alvoroço no Estádio… E percebi porquê, quando olhei o relvado, vi o David no chão… O meu coração bateu ainda mais aceleradamente… Será que ele está bem?
- Não me digas que o árbitro não viu aquilo.
O jogo continuava, o que provocou ainda mais assobios e mais confusão… Mas o David continuava no chão, o Ruben estava a beira dele e por fim ele levantou-se… Só aí o meu coração acalmou…
- Calma maninha, já passou…
- Parva!
- Eu? Parvo é aquele árbitro que não vê nada…
- Parvo? Corno!
- Joana. Eu sei que é o David mas tem, lá calma contigo.
- Que nervos. E não é por causa do David.
Ela riu… A primeira parte acabou sem golos… Apesar de ser visto mais Benfica do que Naval não conseguimos um golo…
- Maninha, mais calma?
- Eu sempre estive calma.
- Tirando a parte em que te passas-te quando o David caiu e se pudesses tinhas batido no árbitro. Sempre estives-te calma.
- Vou buscar água. Até já.
- Até já.
Saí, comprei uma água e voltei para o meu lugar… Pouco tempo depois a segunda parte começou…
- Penalty? – disse-mos eu e a Leonor juntas
- Mas o homem não é bom da cabeça.
- Estamos a ser roubados…
- E não é pouco.
Os ânimos exaltaram-se, entre assobios e nomes que os adeptos chamavam ao árbitro… E o penalty foi marcado, terminando num golo… O resto do jogo, foi mais do mesmo… Um ou outro amarelo sem cabimento, algumas faltas por assinalar… Acabamos por perder o jogo muito injustamente, os adeptos sempre a contestarem, mas o que não levou a lado nenhum… O jogo terminou e os jogadores recolheram rapidamente ao balneário…
- Esperamos por eles?
- Para quê?
A verdade é que não sei se estou preparada para voltar a enfrentá-lo… Sei que vamos ter de falar sobre o que aconteceu…
- Sabes que se não falares com ele hoje terás de o fazer amanhã, ou já esqueces-te do jantar em casa da D. Anabela? Evitá-lo não te leva a lado nenhum.
Sim, ela conhece-me melhor que ninguém… Mas mesmo assim não dou o braço a torcer…
- Não estou a evitar nada. Além disso eles devem estar cansados, precisam de descansar e de certeza vão estar insuportáveis, por terem perdido…
- Ok. Vamos embora. – deu-se por vencida
Percebi que não ficou nem um pouco convencida com os meus argumentos e que apesar de serem válidos, também queria apoiá-lo, eu sei o quanto custa para eles perderem um jogo e assim de forma injusta pior… Foi mais forte do que eu…
- Mas também devem precisar de apoio. Vamos espera-los.
- Mudas-te de ideias?
- Eles acima de tudo são nossos amigos e tu sabes como eles ficam depois de perderem um jogo e de forma injusta pior ainda, por isso…
- Bora. – sorriu
Saímos e dirigimo-nos para junto do bar á entrada dos camarotes… Esperamos por eles, ainda um tempo considerável… Eles lá saíram, vinham cabisbaixos, o que era de esperar e se bem que os conheço devem começar a resmungar por tudo e por nada… Olhei-o, ele nem me olhou directamente, hoje não era de certeza um bom dia para conversar-mos…
- Olá. – disse quando eles chegaram á nossa beira
- O que estão aqui a fazer? – perguntou o Ruben
Eu e a Leonor olhamo-nos… Esperávamos tudo, menos isto…
- Nós… Nós pensamos que poderiam querer conversar, ou se calhar não, é melhor irmos andando. – respondeu a Leonor virando costas
- Não… - o Ruben amarrou-a - Obrigado por terem ficado.
- Desculpem. – disse o David mas olhando-me
Não consegui despregar-me daquele olhar…
- Tudo bem. – disse
A conversa ficou por ali, eles ainda foram a trocar algumas palavras sobre o jogo, mas não nos mete-mos…
- Vamos até nossa casa?
- Não somos muito boa companhia hoje, vamos levar-vos e vamos para casa.
- Vocês é que sabem, mas quando decidimos ficar já sabia-mos que vocês iam estar assim. Mas também devem estar cansados…
- Vá. Vamos. – disseram sorrindo
Saímos… Eu fui com o David, não sei como mas a Leonor e o Ruben arranjaram maneira de nos deixarem sozinhos naquele carro… Ele dirigiu até minha casa e durante esse caminho não proferiu uma única palavra, como se costuma dizer ‘entramos mudos e saímos calados’. Chegamos a casa e encontramo-nos com o Ruben e a Leonor…

*Esperemos que gostem...
                             Manas BC*