domingo, 27 de novembro de 2011

Capitulo 20 – O beijo…


Troquei de roupa e preparei-me…
Toc toc…
- Sim?! – disse.
- Posso? - Perguntou o David
- Claro, entra… - disse
-Tá tudo bem? – perguntou…
- Sim… - respondi olhando-o.
Verificando aquele rosto bem delineado, e com um toque angelical.
- O almoço está a ficar pronto…
- Então vamos? – disse levantando-me.
- Vamo… - disse seguindo-me.
Fomos até á sala, e ainda fui a tempo de pôr a mesa sempre com ajuda do David… estava completamente distraída a olhar para ele quando deixei cair os talheres… Fazendo um barulho irritante. Baixei-me para os apanhar mas ele seguiu o meu exemplo… Ficamos a olhar-nos, apanhamos os talheres, levantamo-nos e quando ele ia á cozinha, voltou para trás… Ficando muito próximo de mim… E eu queria tanto aquilo, queria beija-lo, abraça-lo, tê-lo junto a mim… Tocou-me no rosto, desviando-me uma mecha de cabelo e colocou-a atrás da minha orelha, passou a sua mão direita pela minha face, passando o seu polegar pelos meus lábios, sempre com o olhar fixo no meu e eu também não conseguia afastar-me, mexer-me, deixar de olhá-lo… Cada vez se aproximava mais de mim e cada vez me sentia mais presa, com mais vontade de o beijar, o meu coração batia cada vez mais descompassado, uma sensação estranha mas ao mesmo tempo muito boa percorria todo o meu corpo... Os nossos rostos estavam já a escassos milímetros, sentia a sua respiração contra os meus lábios, ele também devia sentir a minha… E o espaço entre os nossos lábios passou a ser inexistente, tocaram-se de forma natural para a seguir as nossas línguas se encontrarem pela primeira vez e dançarem juntas como ao som de uma balada muito calma, mas de uma forma tão única que parecia já dançarem juntas desde sempre… Por uns segundos esqueci tudo, esqueci que não estávamos sozinhos naquela casa, esqueci que ele é o David Luiz, esqueci a minha doença, rendi-me totalmente ao que sinto por ele e ao beijo que eu tanto queria… Mas voltei á realidade, e ele é o David Luiz e eu não posso… Afastei-me… Colei o olhar no chão…
- Eu… Vou buscar outros talheres.
Saí sem lhe dar tempo para uma resposta e voltei á cozinha…
- Está tudo bem? – perguntou o Ruben
- Sim… Os talheres, caíram.
Peguei nos talheres e ao sair da cozinha ele entrou, os nossos olhares cruzaram-se, olhamo-nos profundamente… Quando desviei o meu olhar para o chão e caminhei de volta á sala, coloquei os talheres na mesa e sentei-me no sofá… Não podes Joana, pára de pensar nele… Tu sabes que nunca poderá existir algo entre nós… Isto nunca poderá ser real…
- Desculpe.
- Ah? – voltei á terra
Olhei e vi o David já sentado ao meu lado, olhando-me.
- Aquilo que aconteceu… Eu…
- Não te preocupes. Está tudo bem. – desviei o olhar
- Eu não quero que cê pense que…
- Não vou pensar nada. Vamos esquecer o que aconteceu. – disse rapidamente
Tinha de esquecer… Eu não posso, este sonho nunca será real… Mas mesmo sabendo disso, esquecer o que aconteceu não é possível e o que sinto por ele muito menos… Resta-me tentar esconder…
- Meninos, o almoço está pronto. – disse a Leonor
 Levantamo-nos e em vez de cada um contornar o sofá, queríamos ambos seguir atrás do outro. O que levou a que chocasse-mos, e ficamos a olhar-nos profundamente como se quiséssemos ler o olhar um do outro… Invertemos as nossas intenções, contorna-mos o sofá e sentamo-nos á mesa…
O almoço correu mais ou menos, pela primeira vez havia um enorme silencio na mesa…
- Oh páh, que barulheira. Calem-se um pouco. – disse a Leonor ironicamente
- Meninas, quando é que começa a universidade? – perguntou o Ruben numa tentativa de haver conversa
- Segunda. – respondi
- Eih, não acredito… mas sábado vão ver o jogo, não vão? – perguntou o Ruben
- Claro. Temos é de ir buscar os bilhetes… Que ainda não fomos. – respondeu a Leonor
- Bilhetes?! Podem ir para os camarotes… - falou o David pela primeira vez em todo o jantar
- Não. Nós não nos íamos sentir bem. Nós depois do treino vamos ao estádio. – disse olhando para ele
E o meu coração batia ainda mais forte… Imaginei-me num prado florido, parecia que tinha sido transportada para um local paradisíaco… Onde ambos corríamos e brincávamos, nos beijávamos e trocávamos carícias, onde nada desta realidade incomodava, éramos apenas nós…
- Vocês é que sabem. Mas vejam lá onde se metem. – disse ele novamente, o que me despertou para a realidade novamente e desviei de novo o olhar
- Não se preocupem. – respondeu a Leonor
Narração do David:
Ela estava no quarto e o Ruben estava entretido a ajudar a Leonor. Lembrei-me de a ir chamar para pôr-mos a mesa juntos. Ela veio e iniciamos a nossa tarefa… Que foi interrompida assim que ela deixou cair os talheres no chão, fazendo barulho. Apresei-me a apanha-los, assim como ela. Ainda nos mantivemos na mesma posição olhando-nos, o que me fez perceber que mesmo que quisesse fugir já não conseguia… Levantamo-nos e assim que juntei os garfos que ela apanhara com os que eu tinha apanhado virei-me com o intuito de ir á cozinha buscar outros. O que não aconteceu pois voltei a virar-me e ficamos muito próximos novamente… Desviei o seu cabelo e fiz os meus dedos deslizarem pelo seu rosto, passando nos seus lábios, o que me fez apreciar ainda mais o seu rosto, a sua forma perfeita, a vontade que eu tinha de a beijar, de dizer tudo o que sinto… A distancia entre nós era menor a cada segundo que passava e o desejo de a beijar, esse aumentava… E uni por fim as nossas bocas, para as nossas línguas se encontrarem de seguida e explorarem cada recanto da boca um do outro calmamente… Beijo que já não aguentava mais sem o ter, senti o que nunca senti, senti-me como se a conhecesse desde sempre e como se fosse uma criança a dar o primeiro beijo… Perfeito… Mas que teve de terminar… Ela pôs termo ao beijo e sem me encarar, falou…
- Eu… Vou buscar outros talheres. – saiu em direcção á cozinha sem me dar tempo para responder
Porque é que cê fez isso? Ela nunca o vai perdoar… Fiquei uns segundos parado e voltei também á cozinha… Ainda nos cruzamos lá, trocamos um olhar intenso… Ela desviou o olhar, voltando á sala…
- David? – disse a Leonor
- Sim.
- Tás bem?
- Sim, não se preocupa não.
- Ok. Se tu o dizes.
Voltei á sala, ela estava sentada no sofá, parecia distante… Sentei-me junto dela… Queria esclarecer o que tinha acontecido… Comecei por pedir desculpa, o que fez com que ela me olhasse… Pedi desculpas novamente, não queria que ela ficasse pensando que eu me quis aproveitar dela, eu quero aproveitar sim, mas não é dela… Quero aproveitar todos os momentos com ela, aproveitar cada segundo do lado dela, nem que seja apenas olhando-a… Ela começou por dizer para não me preocupar, que estava tudo bem, mas a ultima frase dela ficou no meu ouvido…
- Não vou pensar nada. Vamos esquecer o que aconteceu.
É impossível esquecer… Tudo o que eu quero é recordar… Ela falou de uma maneira tão rápida que me pareceu que o beijo não foi apensa desejado e sentido por mim… Que ela tinha sentido o que eu senti, que ela queria tanto o beijo como eu… Ou teria sido tudo fruto da minha imaginação? Estarei eu a tentar fazer-me acreditar que ela sente o que eu sinto?
Fomos almoçar e quando elas disseram que iam ver o jogo mas não para os camarotes, fiquei esperando para que não fossem para junto das claques, e que o jogo fosse calmo. E quando os nossos olhares se cruzaram fiquei ainda com mais certeza que tinha de a conquistar, precisava dela do meu lado, dela comigo, para ama-la e respeita-la, no bem e no mal, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, hoje e sempre… E este beijo foi o culminar de todas as certezas… Certeza que a amo, certeza que só serei feliz com ela do meu lado…certeza que este beijo foi como um troca de alianças… como num casamento se trocam provas de amor e carinho, com aquele beijo trocamos provas do que sentíamos, dos nossos sentimentos. 

*Esperemos que gostem
                           Manas BC*

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Capitulo 19 – Mas que raio Joana



Narração da Joana:
O Ruben foi um querido, um verdadeiro amigo. Senti-me mais leve. E depois de o David confirmar que aquele cascol era o meu cascol, fiquei muito feliz. Afinal eles não se esqueceram de nós. Depois ainda fomos jantar e quando menos esperava o David começou a falar de uma forma estranha para o Ruben. Assim que o jantar acabou eu e a Leonor fomos tratar da cozinha…
- Foi impressão minha ou aqueles 2 não estavam muito bem? – perguntei.
- Não sei. Mas parecia. Mas é a vida deles. Eles é que sabem. – respondeu-me.
Continuei a arrumar a cozinha e quando regressamos á sala, o David já não estava lá. Ainda perguntei por ele e depois de saber que tinha ido embora. Tínhamos ficado sem boleia. Mas mesmo assim fiquei preocupada com o que tivesse acontecido.
Depois de uma pequena disputa lá cedemos e o Ruben levou-nos a casa. Depois de nos deixar em casa, entrei no quarto e fui tomar um banho. Estava a vestir o meu pijama quando o meu telemóvel começa a tocar… Vi que era uma mensagem do David… li e sorri.
- Mas que raio Joana. Porque é que te estas a rir? – disse olhando-me ao espelho.
 Respondi-lhe… mas antes de adormecer, ainda não tinha nenhuma resposta… Adormeci, e na manha seguinte quando acordei e abri os olhos, lembrei-me do sonho que tivera está noite.
O David e eu a caminhar-mos na praia, mergulhamos e depois beijamo-nos sobre aquele céu estrelado, tendo a lua a testemunhar e a aplaudir o sucedido. Saímos e fomos até às rochas onde tínhamos um grupo de jornalistas e fotógrafos de câmaras e maquinas apontadas a nós..
- Esquece Joana. Esquece. É impossível. Não podes.
Levantei-me e depois de trocar de roupa e prender o cabelo, peguei no telemóvel e verifiquei que não me respondeu.
Uma parte de mim, já esperava que isto acontece-se. Afinal ele não tem a obrigação de responder. Fui até ao terraço do prédio e fiquei a olhar a cidade. Quando regressei a casa, o David estava lá com a Leonor.
- Bom dia. – disse olhando-o.
- Bom dia. – disseram eles
- O David veio nos convidar para irmos ver o treino deles. Alinhas?
- Se quiseres. – disse sentando-me e começando a comer… - já comeram?
- Não. Mas não quero dar trabalho. – proferiu ele.
- Não das, estas á vontade. – respondi. Pois a Leonor deve ter-se ido vestir…
Ele sentou-se e olhou-me.
- Desculpe ter deixado vocês assim sem transporte ontem…
- Deves ter tido os teus motivos.  – respondi depois de acabar de mastigar…
- Joana, - disse pegando na minha mão. – me desculpe. Eu não queria ter saído assim sem sequer avisar.
Aquele seu toque surtiu em mim um calafrio, uma adrenalina no meu corpo. Eu nunca tinha sentido nada assim.
- Estás desculpado. – disse sem o encarar.
A Leonor chegou e começou a comer… O David ainda trocou umas palavras com ela mas rapidamente nos despachamos e seguimos até á CFC. O David entrou logo e eu segui-o. A Leonor ainda ficou um pouco a falar com o porteiro…
O David chegou junto ao Ruben e eu fiquei a olhar o campo principal, alheia a tudo. Observando o espaço. Até que alguém me interrompeu…
- Maninha, parece que é melhor irmos para o campo 5, é que aqui não vamos ver nada…
- Então maninha, vamos?
- Vamos.
Seguimos até ao campo 5 onde nos sentamos.
O Jorge Jesus apareceu…
- Bom dia… - dissemos.
- Bom dia meninas… - disse aproximando-se de nos. – então vieram ver um treino?
- Sim, espero que não haja problema. – disse logo.
- Estejam á vontade. Mas não seduzam os meus jogadores.
- Fique descansado. – respondeu a Leonor.
Ele seguiu para o campo e depois os jogadores começaram a chegar e a aquecer… Tentei abstrair-me daquele 23, mas parece que quer eu queira, quer não, ele surgia, ou fisicamente ou no meu pensamento.
Estava a pensar quando recordei aquele jogo em Barcelos onde ele me deu a camisola, aquele seu corpo nu, era magnífico. Esbelto. Único. Mas Joana, o que te deu para estares a pensar nele? Joana, o que se anda a passar contigo? Tu nem te aprevas a apaixonaste por ele, ele nunca olharia para ti e colocarias te na toca do lobo. 
- Joana, viste aquela defesa? – disse a Leonor despertando-me.
- Sim. Não foi má. – respondi completamente alheia ao que ela se referia.
- Tu andas mesmo no mundo da lua. – falou sem me olhar.
- Desculpa. – pedi.
Fiquei a ver aquele treino, atenta aos movimentos daquele que vestia o colete 23…
No final do treino, esperamos por eles junto aos carros…
- Joana, não paras te de olhar para o caracolinhos?
- E então? Sabes que sempre o gostei de ver a jogar.
- Podias ter começado a gostar, não só de o ver jogar.
- Leonor, poupa-me. – disse sabendo que talvez fosse isso que estivera acontecer. Mas eu não podia…
Eles lá chegaram e o Ruben abraçou-me, aquele seu toque não surtiu em mim nenhum efeito. Nenhum calafrio. Nada. Eu não posso gostar do David.
- Oh, joaninha, isso são só saudades? – perguntou-me o Ruben…
- Que convencido… - disse soltando-me dele.
- Bem, meninos, o almoço hoje é em nossa casa. – disse a Leonor.
- Então vamos lá? – disse o Ruben.
- Vamos. – respondi. – Ruben, posso ir contigo?
- Claro. Mas posso saber porquê? – respondeu-me.
- Gostava de falar contigo. Posso? – Acabei por dizer.
- Sim. Vamos lá. Encontramo-nos todos lá. – disse o Ruben.
- Ok, Até já. – disse o David e a Leonor, dirigindo-se as respectivas portas do carro.
Eu e o Ruben caminhamos até perto do carro dele. Ele abriu e depois de pousar o seu saco na parte de trás do carro, sentou-se e ficou a olhar para mim.
- O que é que se passa? – perguntou logo.
- Ai, Ruben. Passa-se… eu nem sei bem o que.
- Explica lá.
- Ruben, como é que sabemos quando estamos apaixonados?
- Não me digas que já te apaixonas te…
- Não sei. Só sei que ele não me sai da cabeça. E esta noite até sonhei que estávamos na praia e nos beijamos. E quando ele me toca, sinto-me estranha. – admiti
- Joana, eu não sei. Mas acho que estás mesmo apaixonada.
- Não pode ser. Não pode. Eu não posso apaixonar-me…
- E não podes porquê? Joana, tu é que te inferiorizas em relação às outras… Tu, não és menos que ninguém.
- Mas eu não consigo dar aquilo que todos vocês querem…
- Joana, nem tudo passa por aí. E tu não dás porque te continuas a inferiorizar.
O Ruben finalmente começou a conduzir…
- Achas que devo fazer o quê? –perguntei.
- Acho que deves viver esse amor.
- Como queres que eu faça isso?
- Joana, esquece os como’s, porque’s e vive. Vive sem pensar em mais nada…
Não respondi. Fiquei a pensar no que devia fazer… Quando chegamos ao nosso apartamento, o Ruben estacionou. Saímos e mal eu vi o David, o meu coração começou a bater irregularmente e comecei a ficar nervosa… Caminhei até ao quarto. 

*Esperemos que gostem 
                            Manas BC*

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Capitulo 18- Dás-me um autografo?


Narração da Leonor:
Depois de ter ido buscar a camisola, seguimos para casa do Ruben.
Depois de o encontrar-mos na cozinha de avental a cozinhar ainda mandei uma boquinha, mas depressa assumi um lugar de ajuda na confecção do jantar. Afinal ele sozinho na cozinha não havia de dar muito bom resultado.
Enquanto eu vigiava a comida com o Ruben, o David e a Joana andavam a pôr a mesa e em ataques de cócegas…
Quando o jantar estava finalmente pronto, sentamo-nos e começámos a comer.
Começamos a comer…
- Eih, a comida até está boa… - disse a Joana sorrindo
- Claro, sendo feita por mim. – disse ele com ar de convencido
- Também, não precisa de se armar em convencido… - disse o David
- Oh, ele não está a ser convencido, está a ser realista.
- Ui… Ela a defender o amiguinho. - piquei-a
- Pois. Quando ele tem razão… - defendeu-o logo
- Pois, porque ele tem sempre razão. – disse o David muito sério
- Sempre não. Mas quase… - respondeu a Joana
- Cê é que sabe.
Acabamos de jantar… Eu e a Joana fomos para a cozinha arrumar tudo enquanto eles ficaram na sala a falar…
Narração do Ruben:
Não percebi os comentários do mano, mas não me preocupei  muito com isso, quando estivesse a sós com ele, esclarecia… Depois de jantar, elas ofereceram-se para arrumar tudo e eu não me opus, criando assim uma oportunidade para falar com o mano… Assim que elas passaram a porta e ficaram na cozinha definitivamente aproveitei a oportunidade…
- O que foi aquilo á pouco?
- O quê?
- Aqueles comentários.
- Não disse nada de mal.
- Não, mas não foi tudo na brincadeira.
- Quê que seja sincero?
- Claro.
- Que se passa entre si e a Joana?
- Isso são ciúmes?!
- Vai responde ou não?
- Somos amigos… Tas mesmo com ciúmes de mim?
- Não.
- Então o que é isso?
- Nada…
- Não me venhas com essa que não é nada. Tás com ciúmes. Agora de mim?
- Eu já falei que não era nada. - saiu disparado
Ele nunca me deixou a falar sozinho… Definitivamente passa-se alguma coisa… Será que ele gosta dela? Serão mesmo ciúmes?
- Sozinho? O David? – perguntou a Leonor, enquanto entravam na sala
- Teve de ir resolver um problema.
- Algo grave? – perguntou a Joana
- Não. Acho que não… Mas eu passo por casa dele quando vos for levar.
- Mas não vais levar-nos… - disse a Joana
- Nós vamos de metro. – completou a Leonor
- É que nem pensem. Eu tenho de ir a casa dele, deixo-vos em casa…
- Não é mesmo preciso, nós podemos ir de metro, não nos vamos perder.
- Não sejam teimosas, não custa nada…
- Teimoso estás a ser tu. Já dissemos que não é preciso.
- Eu não vou discutir convosco. – levantei-me – Vamos?
- Ok. – deram-se por vencidas
Saímos e depois de as deixar em casa dirigi até casa do mano, afinal tinha de esclarecer aquela atitude, que não é normal nele. Atrevo-me  a pensar que nunca o tinha visto assim, a ignorar a minha preocupação, a responder-me daquela maneira. Se aquela atitude foi resultado de se sentir ameaçado por mim, tenho de esclarecer tudo. Afinal eu e a Joana não temos nada, e nunca me passou pela cabeça que pudéssemos vir a ter… Cheguei finalmente á porta do prédio e antes de poder manifestar a minha presença, descansei a minha consciência, afinal independentemente do que ele sinta, quer ou pensa, a realidade é só uma. Não tenho nada a temer.
Narração do David:
Saí e dirigi até casa… Entrei e fui para o sofá e pensei em tudo o que aconteceu nestes últimos 3 meses…
Desde que a conheci que senti um carinho especial por ela… Ela mexe comigo de uma maneira que eu ainda não consigo explicar, mas quando estou com ela uma boa sensação acompanhada por um sentimento inexplicável, apoderam-se de mim deixando-me indefeso ao que me rodeia… Depois de a ver tão próxima do Ruben percebi que aquilo que sinto não é apenas amizade mas sinceramente algo mais profundo e sincero que me leva a pensar que é amor. Leva-me a pensar que finalmente, encontrei o amor verdadeiro. Nunca me tinha sentido assim, nunca tinha sentido ciúmes do meu melhor amigo, nunca tinha ficado assim com nenhuma rapariga. Mas ela, ela tocou-me, tocou-me no mais íntimo de mim, e mexeu comigo, e eu não suporto a ideia de ela estar com o meu melhor amigo. Não suporto a ideia de ela estar com alguém para além de mim.
Liguei a televisão para ver se me distrai-a um pouco de mim, dela… do efeito que ela tem em mim. Mas não dava nada de interessante na televisão. Depois de fazer zapping parei num filme, ou série, sei lá o que era aquilo, simplesmente fiquei ali a ver… até que tocaram á campainha. Levantei-me e nem me importei em ver quem era, dei ordem para o portão abrir e depois abri a porta… Quando vi que era o Ruben, voltei para o sofá, deitei-me e continuei a ver o que passava na televisão. Mantendo uma posição de insignificância para com a presença dele.
- David, agora vais me explicar o que se passou… - disse quase logo
- Não á nada para explicar. – disse sem tirar os olhos da televisão.
- Como queiras. Se não tens nada para explicar, explico eu. – ele desligou a televisão sentou-se e começou a falar.  – David, não sei o que se passa contigo. Mas se estas na onda da Joana, ficas já a saber que eu não ando, nem pretendo andar com ela. Somos SÓ AMIGOS. Ela falou comigo algo pessoal da vida dela, mas falou tendo me como amigo. Não passa disso. Nem ela nem eu queremos mais. David, se gostas dela avança, conquista-a, com calma. Ela é especial, mas está ao teu alcance. E podes contar comigo. Hoje e sempre. Nunca pensei que tivesses ciúmes de mim, eu que não tenho metade das tuas miúdas atrás, eu a quem ninguém me liga. David, repito, se gostas dela não te deixes levar pelos ciúmes, tenta conquista-la.
Ele calou-se ficou a espera da minha reacção. No entanto eu não tive reacção, eu não sei o que sinto, não sei porque falou com ele e não comigo, eu não sei o que fazer. As lágrimas começaram a cair, deslizando pela minha face.
- Desculpe mano, mas a vossa cumplicidade…
- Eih, não é preciso chorares. – disse abraçando-me. - Não és nenhum puto. E estás mais que desculpado. Só quero que percebas que eu nunca colocaria um amor acima da nossa amizade. Mulheres á muitas, amigos verdadeiros há poucos.
- Obrigado manz.
- De nada. Agora vê-la se arranjas uma desculpa para dares as raparigas, eu disse que tiveste de vir resolver um assunto. E elas ficaram preocupadas…
- Eu depois digo-lhes algo.
- Ok, não te esqueças. – disse descontraído -  Mas não me chegas te a dizer se estas mesmo interessado na Joana…
- Precisa que o diga.
- Não...
- Então estás á espera do quê?
- Que me digas o que vais fazer. Ou vais esperar que ela te caia aos pés?
- Não sei. Quer que faça o quê?
- Não sei. Mas acho que tu nisso ainda te safas… Agora eu vou ter de ir, que amanha temos treino. Por isso vê se não ficas a pensar demais nela… até logo… - disse saindo e batendo a porta.
Eu permaneci no sofá… pensando nela. Levantei-me, fui tomar um banho e depois de me deitar na cama, dei por mim a voltar a pensar nela, vendo-a a sorrir, imaginando a minha vida com ela…
Peguei no telemóvel e num impulso escrevi-lhe uma mensagem…
‘’ Para: Joana
Boa noite… desculpe ter saído sem vos avisar. Espero que durma bem.
Beijinho de boa noite.’’
Pousei o telemóvel e rendi-me á moleza… Não tardou muito a que adormece-se.
Acordei sobressaltado quando me apercebi que estava a sonhar com ela… Que estávamos juntos na praia, sentamos numa rocha, a ver o mar…
- Ai Davi, Davi. Estás completamente apaixonado. E agora? – disse para mim mesmo enquanto me calçava…
Fui até á cozinha, bebi um copo de leite e depois voltei para a cama. Mal me deitei, peguei naquele cascol que ela me deu… Peguei nele e deitei-me com ele, como qualquer miúdo que adormece agarrado ao seu peluche. Dormi que nem um anjo e quando acordei, acordei bem-disposto. Tomei um duche, vesti-me sempre com ela no pensamento. Mas ela não me sai da cabeça ou quê?
Peguei no saco, e no telemóvel e na carteira e sai para Seixal.

*Esperemos que gostem...
                                     Manas BC*

sábado, 19 de novembro de 2011

Capitulo 17 – Provável…



- Olha que estamos no quarto dele, podes sempre roubar-lhe uma camisola…
- Este é o quarto dele, então significa que aquele cascol ali foi o que eu lhe dei…?
- Provável. – Acabei por não confirmar. Mas eu sabia que o era, o David não comprou um cascol e sempre que estava nervoso, ou receoso com um jogo, ou noticia, ele fazia-se acompanhar por aquele cascol.
- Vocês guardaram os cascois?! – Perguntou indignada.
- Não era suposto? – Fiquei admirado com aquela pergunta dela.
- Eu nunca pensei que vocês guardassem…
- Por quem nos tomas?… DAVID – Chamei.
Narração do David:
Depois daquele confronto entre elas fiquei um pouco assustado. Eu nunca as tinha visto a discutir. Mas depois de ouvir a Leonor a explicar que ela tinha como objectivo por a Joana a desabafar com o Ruben, fiquei mais descansado. O Ruben é um excelente conselheiro, ouvinte e acima de tudo amigo. Continuamos a arrumar a cozinha e quando finalizamos ficamos á conversa. Desde a família, a como elas se estavam a habituar á vida em Lisboa…
- DAVID… - Gritou o Ruben.
- Parece que Secalhar é melhor irmos lá… - disse.
Levantamo-nos e andamos á procura deles, até que me lembrei que estariam no meu quarto… e parece que não me enganei.
- Ei, sempre encontraram a caminha, é mais confortável. – Disse entrando.
- Olha onde foste buscar aquele cascol? – Disse logo a Joana.
- Foi uma rapariga no estádio da cidade de Barcelos, que me deu, quando lhe entreguei a camisola. Por acaso a rapariga até era bonita, e durante imenso tempo pensei se a iria voltar a ver…
- Oh mano, não vais dizer que estas apaixonado pela miúda...
- Não... Ela perguntou, eu respondi, néh?!. – Respondi.
Ela levantou-se e aproximou-se de mim esticando-se e dando me um beijo na face.
- Obrigada por não o deitares fora. – Proferiu.
- Não era capaz disso. Ele é como um amuleto. Quando não sei que decisão tomar, ou quando me sinto inseguro, ele esta sempre lá para mim.
- Sabes que os cascois que nós vos entregarmos foram os nossos primeiros cascois, comprados na nossa primeira ida ao antigo estádio do Benfica. – Disse a Leonor.
- Bem, vocês não poupam a meias… Dão logo o vosso primeiro cascol.  – Disse o Ruben.
- Nós dávamos tudo por a vossa camisola… - disse a Leonor.
- Então acho melhor ir ver se não me levas nenhuma… - Acabei por dizer.
- Ela não mexeu nada. – Disse o Ruben.
- Ui, não mexeu nas minhas coisas, ou não mexeu onde cê queria que ela mexe-se? – Piquei o Ruben.
- Ah ela mexeu no que devia. – Respondeu-me.
- O Ruben não estejas aí a meter ciúmes ao David. Não mexi em nada. Nada que não seja meu. - Disse ela.
Ouvi-la dizer aquilo fez-me recordar todos os momentos que passei com ela. E ficar com a certeza de que nutria por ela algo mais que amizade. Que aquela amizade que transparecia.
- Bem, agora temos de ir para casa fazer o jantar, não pensem que vou cozinhar para esta gente toda… - disse o Ruben
- Bem, vamos lá senão arriscamo-nos a ficar sem jantar. – Disse a Leonor.
- Sim… Vamos, mas a Leonor ainda tem de passar em casa.
- Encontramo-nos em minha casa então.
O Ruben saiu e elas saíram para a sala e eu troquei de roupa mas perdi-me de seguida em pensamentos a olhar o cascol dela…
- AINDA DEMORAS?? – gritaram, interrompendo os meus pensamentos
- Já cá estou. Vamo?
- Tava a ver que não.
Saímos… Dirigi até ao apartamento delas. Subi com elas…
- Bem, já volto. – correu corredor fora
- Bem onde é que ela vai com tanta presa? – perguntei.
- Foi buscar a camisola do Ruben, para ele a autografar. – respondeu a Joana.
Fiquei a olha-la sem lhe responder… Fiquei a admira-la. Ela estava decididamente a mexer comigo, a sua maneira de ser, deu cabo da imagem que eu idealizava como sendo a da miúda que me deu o cascol. Conseguiu surpreender-me deixando as minhas defensas totalmente em baixo, deixando-me envolver, deixando me entrar neste sentimento ao qual colocam o rotulo de ‘Amor’.
- Já a tenho, vamos? – Disse a Leonor
- Vamos lá. – respondeu ela.
Descemos, entramos no carro, e lá fomos até a casa do Ruben.
Estacionei o carro, e depois de subirmos a porta já estava aberta, entramos e vimos o Ruben na cozinha com o avental de volta do fogão.
- Bem, parece que o Ruben anda a tentar conquistar alguém pelo estômago. – Disse a Joana.
- Hum, quem será? – insinuou a Leonor.
Fiquei a pensar será que ela estava a referir-se á Joana? Será que ele esta na dela, e ela na dele?! Será que a Leonor quis junta-los? Será que aquilo de a levar a desabafar era para os juntar?
Eles estavam muito animados a falar no sofá, eles ficaram no meu quarto a falar… Não, não pode o Ruben não pode gostar dela….

*Esperemos que gostem
                          Manas BC*